A hidroclorotiazida é um medicamento da classe dos diuréticos, muito utilizado na cardiologia para tratamento de pressão arterial.
Recentemente foi divulgado pelas mídias um alerta da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) sobre o aumento do risco de câncer de pele decorrente do uso cumulativo deste remédio. Isto ocorreu após o resultado de um estudo caso controle com mais 100.000 pacientes com câncer de pele não melanoma (CPNM) entre os anos 2004 a 2012.
O câncer de pele não-melanoma é o tipo de câncer de pele mais frequente no Brasil e acomete mais frequentemente pessoas de pele clara e/ou que ficam muito tempo expostas ao Sol sem proteção. Caracteristicamente aparece como uma mancha na pele, que pode ser avermelhada ou mais escura. Ardem, coçam, descamam ou sangram. Não melhoram com nenhuma pomada e persistem por mais de 4 semanas. É um câncer que tem, felizmente, bom prognóstico com o diagnóstico precoce e com o tratamento que consiste em uma pequena cirurgia para sua remoção completa.
Voltando..
A hidroclorotiazida deixa a pele mais sensível à luz e por isso quando exposta aos raios solares ficaria mais predisposta às lesões cancerosas.
Bom, o tipo de estudo utilizado (caso-controle) não pode afirmar uma relação de causa e efeito. Exemplo: Foi devido o uso de hidrocloratiazida que os pacientes tiveram câncer de pele. Porém, eles conseguem ver uma relação. Exemplo: O câncer de pele ocorreu mais frequentemente nas pessoas que faziam uso deste medicamento. Além disso, a dose que se viu relação no estudo foi a de 50mg/dia, dose incomum utilizado por nós cardiologistas.
Assim, acredito que devemos sim ficar de olhos abertos com este medicamento já que ele é um dos mais prescritos para tratamento de hipertensão arterial.
Devendo os usuários de hidrocloratiazida terem maior atenção à pele, evitando exposição ao sol e procurando dermatologista quando necessário.E se possível ser reavaliado caso a caso junto ao seu médico a possibilidade do uso de outros medicamentos nos pacientes de risco até que surjam mais estudos sobre o tema.
Porém, a orientação geral (inclusive da ANVISA) é de que os pacientes não suspendam o seu uso por conta própria. Já que a suspensão sem a substituição por outro agente poderia ter riscos ao causar descontrole pressórico agudo.
Sempre tire suas dúvidas com seu cardiologista! :)
A Dra. Caroline Nagano é médica especialista em Cardiologia, Medicina Esportiva e Clínica Médica e tem entre os focos de sua atenção profissional a prevenção das doenças cardiovasculares típicas, para uma melhor qualidade de vida, e um envelhecimento ativo e saudável.
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