Por que o risco do infarto aumento no inverno? - Caroline Nagano

Por que o risco do infarto aumento no inverno?

Realmente as doenças cardíacas merecem uma atenção especial nos meses de inverno. A pressão arterial costuma subir, pode aumentar o número de arritmias, dores no peito.

A preocupação maior se deve ao fato de que os números de infarto podem aumentar até 25% de acordo com a American Heart Association (entidade referência mundial de saúde cardiovascular).

No Brasil, esses números parecem ser por volta de até 30%.

Isso acontece por 3 fatores:

  1. Queda de temperatura
  2. Poluição
  3. Infecções respiratórias

O principal fator desses acima para o aumento de infartos e derrames cerebrais acontecerem é a queda de temperatura.

Abaixo de 140 o aumento do número de infartos já é visto e a partir de 102 a menos o risco eleva-se mais 7%.

Mas por que isso ocorre?

Porque normalmente os mecanismos de defesa do nosso corpo para lidar com o frio, geram diversas alterações no nosso organismo que culminam com maior risco de infarto.

Quer ver?

Os receptores nervosos de temperatura presentes em nossa pele ao perceberem o frio, enviam informações para o nosso cérebro, que reconhece a mensagem e libera hormônios como a adrenalina e noradrenalina, em um mecanismo de tentativa de manutenção de calor.

Esses hormônios realizam a constrição dos vasos, aumentam a frequência cardíaca e a necessidade do coração por mais oxigênio. Essa vasoconstrição em artérias normais pode não levar a nenhum prejuízo, porém em pessoas que já possuem doença aterosclerótica (entupimento de artérias), pode ser suficiente para diminuir o fluxo de sangue e causar dor torácica e infarto.

Além disso, a vasoconstrição causada pelo frio faz com que o sangue fique mais espesso e denso, facilitando o surgimento de trombos que podem entupir as artérias.

No inverno, as gripes e resfriados são mais comuns e podem causar inflamação no organismo de quem já tem alguma doença cardiológica a ponto de descompensá-la, como o infarto.

Por isso, é tão importante que os cardiopatas tomem a vacina da gripe nessa época do ano.

A poluição também tem seu papel, pois no inverno, em cidades grandes como São Paulo, é comum ver a inversão térmica acontecer e o ar frio contribuir para concentrar os poluentes mais próximos do chão, assim como deixar o ar mais seco.

Essas toxinas podem também ter seu papel na inflamação de artérias e contribuir para a desestabilização de alguma placa de gordura presente nas artérias, entupindo-as.

Como se proteger?

Bom, para as pessoas que já possuem doenças cardiológicas e principalmente aquelas que já tiveram infarto, AVC ou já colocaram stent, alguns cuidados a mais no inverno podem ser feitos como:

  • Evitar alimentos com muito sódio, prevenindo a elevação maior ainda da pressão arterial.
  • gasalhar-se adequadamente, evitar friagem e usar bebidas quentes para esquentar o corpo.
  • Esquentar as meias ou luvas com secador é uma opção para manter as extremidades aquecidas.
  • Evitar fazer exercícios intensos em ambiente aberto, em horários do dia em que a temperatura estiver menor. Manter a atividade física em horários mais amenos e de preferência indoor.
  • Se hidratar mais, visto que no inverno é comum as pessoas ingerirem menor quantidade de líquidos.
  • Manter contato mais próximo com seu cardiologista é importante nessa fase também.

Além de manter os cuidados importantes iguais das outras estações do ano, como não fumar, manter no peso adequado, fazer alimentação o mais natural possível e praticar exercícios físicos.

O melhor é torcer para o frio passar logo, se vocês forem como eu, que prefere dias mais que quentes (risos)

Abraços

Dra. Caroline Nagano

A Dra. Caroline Nagano é médica especialista em Cardiologia, Medicina Esportiva e Clínica Médica e tem entre os focos de sua atenção profissional a prevenção das doenças cardiovasculares típicas, para uma melhor qualidade de vida, e um envelhecimento ativo e saudável.

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Realmente as doenças cardíacas merecem uma atenção especial nos meses de inverno. A pressão arterial costuma subir, pode aumentar o número de arritmias, dores no peito.

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